segunda-feira, 24 de setembro de 2012




Olá, passado. Lembras-te de mim? Ah, agora tu esqueceste tudo? Todas as mágoas, as dores e os momentos terríveis que me causas-te. Eu lembro-me muito bem de tudo. Arrastaste-me para baixo, e levaste toda a minha felicidade contigo. Deixaste-me no chão, caída como se estivesse desmaiada. Sozinha, sem ninguém por perto. E eu tive de engolir a minha dor, porque não havia ninguém para ouví-la. Isso foi muito ruim. Não sei o que eu te fiz, talvez foi quando tu ainda eras o presente. E eu estraguei as coisas. Afastei muita gente, entristeci muitas pessoas - inclusive eu - e afoguei-me nas lágrimas de madrugada. Isso lembras-te tu, não é? Guardaste isso contigo e vigaste-te. Tocavas no meu ombro - ainda tocas - e quando eu olhava, lembravas-me de factos, lembranças, momentos em mim. Como um tijolo e doía demais. A minha mente contorcida mexia-se, tentando largar aquilo e se focar noutra coisa. E focou-se. Tu fizeste-a focar-se nele, não é? Tudo aquilo não era o suficiente? Não fui castigada o suficiente? Tinhas mesmo de me magoar mais? Bom, tenho que admitir que no começo foi bom, a companhia, os momentos e os abraços. Carinhos entre risos. Mas aí vieram, as consequências por ter entregue o meu coração demasiado. Ele feriu-se, partiu-se e saltou para fora do meu peito. Foi junto com ele, a partir do momento em que ele não fez as coisas mais acertadas. Sabias disso? Ele deixou que as minhas lágrimas caíssem, sem ele estar presente para me reconfortar. Sim passado, ele secou muitas lágrimas minhas, interrompeu muitos de meus soluços e fez-me sorrir. Não me chames de falsa, passado. Tu fizeste-me isto. Deixaste-me assim, com o coração para consertar. Agora não reclames. Eu sofri as consequências, e agora foi a tua vez. Não olho mais para trás, quando sinto o meu ombro ser "tocado". Não baixo o olhar na hora de te enfrentar. E sei que vou ter de te encarar muitas outras vezes. Talvez para me mostrar a mim que tenho que reabastecer as minhas forças, e levantar-me. Talvez mudar, nunca se sabe. Talvez seja preciso parar de ser tão assim, como tu me deixaste. Olha, passado tu magoaste-me demais, e as feridas ainda não cicatrizaram. E estão aqui, marcadas na minha vida, em mim. Não adianta mais tentares remendar os teus erros, já fizeste estragos que chegue. E se tu tentares fazer algo, só vais piorar. Desculpa por não te dar a chance de tentar mudar a minha vida, mudar-me a mim. É que da última vez que te dei essa liberdade, tudo ficou muito pior. E eu não quero mais passar por isso. Desculpa passado. Só quero que me deixes em paz, quieta no meu canto. Comigo mesma, para pensar sem a tua ajuda. Tentar fazer algo, sem os teus palpites. Poder virar na estrada certa e começar a andar.
E de preferência, não olhes para trás. Porque eu vou fazer o mesmo.

2 comentários:

  1. Por vezes temos de saber seguir, mesmo custando é a melhor opção porque todos temos o direito de ser felizes, todos temos o dever de lutar por isso. Gostei muito do que li. Um Beijo :)*

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